sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Carla Bruni e Michele Obama, as rainhas


Brasília (14/10/2009) - Carla Bruni e Michelle Obama são conhecidas internacionalmente por serem primeiras-damas de dois dos países mais
desenvolvidos do mundo. Porém, mesmo quando seus maridos saírem do poder e apenas os historiadores se lembrarem de Nicolas Sarkozy ou Barack Obama, os nomes de suas esposas permanecerão eternizados. No seio da democracia, as duas viraram rainhas. E, como toda rainha que se preza, receberam um título pomposo: Laelia purpurata var. Flammea 'Carla Bruni' Hort. Ex L. C. Menezes cult. nov. ( foto no alto à esquerda) e Laelia purpurata var. werkhaueserii-striata 'Michelle Obama' Hort. Ex L. C. Menezes
cult. nov(foto à direita)..

A pessoa capaz de transformar primeiras-damas em rainhas é a engenheira florestal/analista ambiental e chefe do Orquidário Nacional do Ibama, Lou Menezes. Bióloga com habilitação em botânica e ecologia, é uma das mais respeitadas pesquisadoras de orquídeas do mundo. Laelia purpurata é conhecida como a rainha (das orquídeas). Em minhas descobertas, resolvi homenagear três mulheres rainhas. A terceira homenageada é Maria Tereza Jorge de Pádua, ex-presidente do Ibama e da
Funatura, além de ter sido membro da WWF e da IUCN, com a flor Laelia purpurata 'Maria Tereza' Hort. ex L.C.Menezes cult. nov.. Segundo Lou, Maria Tereza é a pessoa diretamente responsável por, sozinha, criar as maiores áreas de proteção ambiental do mundo, tendo participação decisiva no estabelecimento de 15 unidades de conservação no Brasil, que cobrem mais de 15 milhões de hectares. "Tereza é a verdadeira musa da conservação no Brasil", admira a chefe do orquidário.

As fotos desses cultivares estão no novo livro da pesquisadora, Laelia purpurata, A Rainha?, lançado em julho, em Santa Barbara/EUA, num grande evento internacional para colecionadores, pesquisadores e paisagistas, que ocorre todos os anos."Esta é a flor de Santa Catarina, único estado brasileiro que tem uma orquídea como símbolo,
explica Lou. Ela acrescenta que, pela planta ser reconhecida mundialmente por sua beleza e perfume, o nome extrapola a espécie e é usado como marketing da indústria, sendo colocado em vários produtos, como perfumes e sapatos."

O local principal onde realiza suas pesquisas é o Orquidário Nacional do Ibama, que surgiu em 1984 e era apenas uma tenda. Ao longo desses anos, a estrutura ganhou corpo e uma bela arquitetura em madeira, tela e vidro. Atualmente, existe, no centro, uma coleção de mais de dois mil exemplares, inclusive de plantas raras ou extintas na natureza. O orquidário é a infra-estrutura do Projeto Orquídeas do Brasil, que abriga as coleções, as quais vão aumentando de acordo com as pesquisas. Cada subprojeto tem o objetivo de produzir um livro. A cultura de um povo se mede por seus livros e suas bibliotecas. Povo sem livros e bibliotecas não tem memória. Neste sentido, meus livros são um legado às gerações futuras?, admite.

A pesquisadora faz um alerta: as orquídeas, de maneira geral, estão ameaçadas de extinção, pois os ambientes naturais têm sido depredados para a construção de cidades e barragens, áreas agrícolas e de pastoreio. "Não sabemos quantas desapareceram sem sequer serem classificadas, muito menos estudadas. Sumiram. Para a chefe do orquidário, a preservação se faz em progressão aritmética e a devastação acontece em progressão geométrica.

Luis Lopes
Ascom Ibama

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