terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jean-Michel Cousteau critica a indústria da pesca

Foto de Jair Bertolucci/ Divulgação

Durante entrevista ao Roda Viva, exibido ontem (11/1), às 22h, pela TV Cultura, e apresentado pelo jornalista Paulo Markun, o oceanógrafo Jean-Michel Cousteau criticou a indústria da pesca no mundo, que segundo ele, não é nenhum pouco controlada: “No meio dos oceanos, a anarquia é total. Logo, não há consciência internacional na gerência dos recursos da pesca. Eu fico do lado dos pescadores. Eu como peixe, gosto de peixe. Não sou hipócrita. Mas vejo que os pescadores estão perdendo seu trabalho”.

Cousteau também comenta sobre o mercado e criação de peixes, mencionando a indústria predatória, que causa matanças e extinção de espécies por não haver disciplina para a prática da pesca: “Em alguns países há regulamentos, mas infelizmente não são respeitados, ou então não há fiscalização para impedir. Se não houver vigilância nem se impuser respeito às fronteiras comerciais, será uma total anarquia. É o que se vê no oceano hoje”.

Sobre a guerra travada entre a humanidade e a natureza, o entrevistado filosofa: “Devemos considerar o planeta como um capital posto à nossa disposição. A partir do momento em que se gere esse capital de forma limpa, podemos viver dos “juros” desse capital. Enquanto que, se continuarmos a fazer o que se faz hoje, acabaremos indo além daquilo que a natureza é capaz de produzir e iremos consumir esse “capital”. E sabemos que, infelizmente, isso leva à falência”.

Em relação ao Brasil, Jean fala com entusiasmo sobre a independência energética do país: “Vocês têm petróleo, gás, álcool, etanol...Isso permite a este país ter essa independência energética, o que é realmente extraordinário. E acho que a maioria dos brasileiros não se dá conta desse privilégio fabuloso”.

Ele também aborda com otimismo a questão do devastamento da floresta amazônica: “Isso é um problema sim, mas que pode ser resolvido. Além disso, é um problema de âmbito nacional e internacional. Sabe-se o que se deve fazer. Talvez não se faça, mas se sabe o que fazer”.

Em meio às perguntas, o convidado fala ainda das facilidades de comunicação e informação na era da globalização; da destruição dos mangues e recifes tropicais, onde a maioria das espécies marinhas se reproduz; de pobreza; e da necessidade de incentivos a aquacultura.


Filho do famoso oceanógrafo e mergulhador francês Jacques Cousteau, Jean traz no currículo mais de 80 séries e filmes produzidos para a televisão, dezenas de prêmios, idealização de programas sócio-ambientais e viagens em que atuou como porta-voz das questões marinhas. É o fundador da Ocean Futures Society, organização sem fins econômicos voltada à conservação da marinha e à educação ambiental.

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