segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Solidariedade ou marketing vazio?
Sônia Araripe
Editora de Plurale
Sem dúvida, as cenas e histórias tristes de Santa Catarina emocionam. Ainda mais nesta época de fim de ano.
Como será o Natal destas pessoas?
O Brasil inteiro se mobiliza, quer ajudar. Os donativos chegam de todos os lados. Alguns entregam em víveres, outros em dinheiro. A logística com estradas interrompidas não colabora com a entrega de mantimentos e outros bens.
Empresas também estão fazendo a sua parte. São doações de todo tipo, inclusive isentas de impostos.
Mas vamos pensar juntos? O que é realmente solidariedade e marketing vazio?
A caixa de e-mails de Plurale tem sido inundada nos últimos dias por mensagens de assessores de imprensa querendo assegurar um espaço. Doações precisam ser divulgadas? Precisam estar estampadas na imprensa?
Recebemos de tudo: releases sobre doações de alimentos, roupas, remédios, pastilhas de cloro e até ração para animais desabrigados. Bacana, os animais merecem respeito. Mas divulgar release sobre a doação e fazer um tremendo oba-oba? Como assim?
Na televisão, o merchandising é ainda mais agressivo: todas as caixas de produtos doados por empresas estão com nome em letras garrafais.
Lembro de uma entrevista do ator Tony Ramos. Ele sempre foi voluntário das boas causas. E reluta muito em aparecer e dar depoimentos. "Não quero ser confundido, nem mal interpretado." Perfeitamente compreensível.
Fica aí um tema para refletirmos. O que realmente é solidariedade e o que é apenas uma ação marketeira no mau sentido da palavra. O povo sofrido pelas enchentes de Santa Catarina merece muito respeito. Ainda mais agora, ser transformado em margem de manobra, em momento tão delicado, chega a ser ultrajante. Que a rede de solidariedade seja reforçada. E se multiplique. Mas sem marketeiros de plantão, por favor.
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